De Elisa Meirelles | Nova Escola |
Entre 2009 e 2013, 14.581 turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) foram desativadas no Brasil, segundo o Censo Escolar. O dado equivale a dez salas fechadas por dia e a uma queda de 9% na oferta existente. Alarmantes, os números são reflexo do círculo vicioso em que a modalidade ingressou nos últimos anos. De um lado, gestores públicos reclamam dos altos índices de evasão e afirmam ser muito custoso manter turmas pequenas. De outro, alunos se deparam com cada vez menos opções e desistem.
Os maiores problemas se concentram nas regiões Sul e Sudeste – ambas fecharam 21% das turmas de EJA em quatro anos. Em seguida, está o Centro-Oeste, com 7%, e o Nordeste, com 3%. A exceção é o Norte, que, em vez de diminuir, aumentou as salas em 12%.
Não há como dizer que a redução no número de salas é resultado de uma queda na demanda. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012, há no Brasil 12,7 milhões de analfabetos, entre a população de 25 anos ou mais (equivalente a 11%). Além deles, existe um grande contingente de brasileiros que não conseguiu concluir o Ensino Fundamental e precisa de opções para voltar à escola.
A resposta, então, está em uma questão de gestão de recursos. Como 70% dos alunos que ingressam na EJA não conseguem concluir os estudos, as redes optam pela nucleação: as salas pequenas de diferentes escolas são extintas e a demanda se concentra em uma única unidade, que recebe todos os estudantes de bairros próximos.
A medida é vista como negativa por especialistas. Um dos problemas é a distância entre a escola e a casa do aluno. A maioria trabalha o dia todo e depende do transporte público para se locomover. Se as aulas são transferidas para uma instituição de ensino mais distante, a pessoa nem sempre consegue chegar a tempo ou arcar com os custos do deslocamento. Soma-se a isso a desmotivação que interrupções e mudanças causam nesse aluno, geralmente alguém que nunca conseguiu estudar ou que é marcado pelo fracasso, por ter ingressado na escola e desistido dela. Há ainda o agravante de a nucleação lotar as poucas salas disponíveis, dificultando o trabalho docente.
Fonte: <http://migre.me/nddfq>, junho/julho 2014.
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